Algum tempo atrás me queixei, em uma rede social, que estava completamente sem inspiração, que precisava estar passando por um momento de sofrimento para escrever. Bem, continuo sem sofrer e, por isso mesmo, continuo tremendamente sem inspiração pra escrever. Então, decidi escrever justamente sobre isso.
Pra quem curte escrever, como eu, é muito duro ficar sem uma pontinha sequer de inspiração. Parece que nos cobramos estar sempre produzindo algo. Parece que há, em algum local, alguém dependente de nossos textos, assim como de água e alimento. Sendo assim, ao ficar sem escrever, parece que estamos matando alguém, que nem conhecemos, lentamente.
No meu caso, o "adubo", como já falei, vem do sofrimento. O problema é que eu já estou há um bom tempo sem sofrer...
E se engana que tem que ser um sofrimento específico, tipo "dor de amor".
Nada disso! Muitos tipos de sofrimentos me inspiram, sobretudo o sofrimento pelos outros. Eu costumo sentir as dores alheias como se fossem minhas. Há casos em que sinto mais do que o próprio "dono" da dor. Já fiz, inclusive, inimizades, em nome do sofrimento alheio.
Aí é que está: aparentemente, todos aqueles que amam estão bem e felizes. Então, obviamente, fico feliz por eles. Ainda bem que não cheguei num ponto de torcer pela desgraça das pessoas para ter sobre o que falar. Se bem que há pessoas que são tão mesquinhas que torcem pela desgraça de seus semelhantes mesmo que esses não sejam exatamente uma fonte de alimento para sua criatividade.
Uma coisa que também tem me frustrado é que o tempo está chuvoso há dias e nem isso me anima a escrever. Nenhuma melancolia. Nenhuma lembrança. Nada. Apenas sono... Acho que a combinação chuva + feriado funciona como um calmante natural. Houve dias em que dormi por até dezoito horas!
Bem, ninguém torce para ficar dolorido, né? Nem eu.
Assim, vou prosseguindo sem inspiração, feliz, vendo meus amigos felizes, flutuando por aí, como uma pena qualquer no final de um filme...
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