Ela Me Pediu Pra Lhe Dizer.

Hoje é uma segunda fria que amanheceu chuvosa, isso me fez lembrar de um pedido que me fizeram há algum tempo, e que eu ainda não havia  atendido. Não é que eu tenha esquecido, é que tenho andado sem inspiração, vivendo a vida colorida demais para escrever sobre certos assuntos. Mas o cinza da chuva me presenteou com as palavras que eu precisava para atender ao pedido dessa velha amiga.

Esse texto é um recado para alguém que, talvez, jamais o leia. Contudo escrevo-o com carinho, retribuindo uma amizade que só me trouxe bons momentos. É a continuação de uma história que publiquei antes, mas que ficou meio que mal finalizada. Uma história que terminou tão rápido como começou, mas acho que merecia um final feliz. Talvez um dia eu escreva sobre esse final aqui.

Por enquanto, é apenas um recado.

"Ela me pediu pra dizer que tem sido difícil não pensar em você, especialmente nas noites de chuva, porque tudo o que houve entre vocês - embora para você tenha sido praticamente nada - girou em torno da chuva que deixou de cair naquela noite.

Ela me pediu pra dizer que, por repetidas vezes, e escreveu seu nome no vapor de sua respiração, em janelas de ônibus, enquanto tentava - em vão - localizar seu rosto entre o mar de guarda chuvas coloridos que se forma no Centro da Cidade em dias de tempestade.

Me pediu pra dizer que ela tem acompanhado a sua felicidade pelas redes sociais e que isso, para ela, tem sido um paradoxo, porque apesar de adorar quando você sorri, odeia o motivo do seu sorriso. E sim, isso é mesquinho da parte dela, mas como ela mesma já lhe afirmou, sendo humana é impossível não apresentar sintomas de mesquinhez uma vez ou outra, muito embora seja uma pessoa altruísta a maior parte do tempo.

Me pediu pra dizer que ela nem sabe se realmente estava tão apaixonada assim, ou se era apenas desejo. Afinal, foi tudo tão rápido e tão intenso, que não haveria especialista que fosse capaz de traçar um diagnóstico preciso para o que ela sentia quando você passava por ela.

Me pediu pra dizer que há momentos em que ela acha que foi tudo um sonho bom, curto, daqueles que nem dá pra sentir o gosto direito, porque mal começa, acaba. A única coisa que há de concreto para provar que aquilo tudo existiu foram as mensagens de e-mail que vocês trocaram naquela tarde e que culminaria com o jogo que vocês jogaram à noite. Um jogo instigante, diferente. Um jogo cruel.

Mas não se sinta culpado, nem pressionado. Ela manda dizer que está bem, que você foi a melhor coisa que aconteceu em sua vida em muito tempo. Ela diz que você trouxe de volta algo que ela acreditara ter perdido há muito. Que aqueles minutos no último andar devolveram-lhe a confiança que ela havia perdido, que você a fez sentir novamente mulher. E ela me pediu para finalizar dizendo que tudo o que ela afirmou antes continua valendo: que ala ainda acha você uma pessoa encantadora, boa, gentil e do bem. E pede para desejar tudo o que houver de melhor."

Contudo, a conhecendo como eu conheço, sou obrigada a terminar esse texto com uma coisa que ela não falou, mas eu sei que é verdade: Ela ainda quer - e muito - beijar sua boca na chuva.


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